sábado, 26 de maio de 2012

A PATA QUAQUÁ E O VENTO NO BAMBUZAL





Um desses textos que só tem sentido para dois.

Contavam seus dias, todos os dias, antes de dormir. Ela, como de lei em todas as casas brasileiras, sempre falava mais. Ele, ouvinte, terno, às vezes briguento. Mas sempre amável. Tinham gostos parecidos, falavam a mesma língua, apreciadores de Chico, partidários de Veríssimo. Iguais.

Amavam-se.

Desfilavam histórias, dissecavam amores, quanto mar na voz daqueles dois, quantas memórias, quantos ais.

Eram os dois mais entre os dez mais.

Tamanha amplidão.

Um dia combinaram um dueto.

- Mas canto como vento no bambuzal!
- Canto como uma pata morrendo afogada!

Olha que isso dá samba, e que samba, dá-lhe pandeiro para aqueles dois.

Duas rimas do mesmo soneto, ela quarteto, ele terceto.

- Carece de cantar bem não, meu nego!

Nós somos a canção.



Obrigado Ana Blue, amplidão tem esse teu coração sem tamanho. 




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